A metodologia Design Thinking tem a finalidade de auxiliar o processo de inovação e negócios, sem especificidade de área de aplicação, e que não tem, intencionalmente, direcionamento algum para o desenvolvimento de software. Apesar disto, recentemente existirem vários casos de empresas startups desenvolvendo novos produtos de software e negócios e com relatos de experiência da aplicação da metodologia Design Thinking (DT).
Como característica do Design Thinking tem-se a multidisciplinaridade, com técnicas e práticas que podem, com suas adequações, serem aplicadas a quase todo tipo de projeto, bem como é focada em atender as expectativas dos usuários do produto/serviço desenvolvido com base em sua estrutura (VIANNA et al., 2012).
Para Brown (2010), a missão do Design Thinking é traduzir observações em insights, e estes em produtos e serviços para melhorar a vida das pessoas. Com isso, dado que esta metodologia atenta para criação de soluções que têm a preocupação de atender as necessidades dos usuários – além de suas fases de aplicação assemelharem-se a algumas etapas pertinentes ao ciclo de vida de um software (engenharia de requisitos, por exemplo) – torna-se relevante a análise desta metodologia no universo de desenvolvimento de software.
Como suas fases e técnicas não se distanciam dos processos comumente adotados no ciclo de desenvolvimento de software, uma vez que suas fases podem ser facilmente mescladas, como por exemplo: A imersão, ideação e prototipação auxiliam na elicitação de requisitos e, até mesmo, no projeto do produto final.
Pensa-se, também, que a utilização das técnicas de Design Thinking no processo de elicitação de requisitos pode agregar maior grau de proximidade à realidade das necessidades dos usuários, isso aponta uma forma de evitar problemas na má compreensão e interpretação, quanto às requisições do cliente. Segundo Kujala (2003), o envolvimento do usuário geralmente tem efeitos positivos no sucesso do sistema e satisfação do usuário, e existe evidência de que opiniões dadas pelos usuários, como uma busca por primeiras informações, são algo efetivo da elicitação de requisitos.
Para Vertterli et al. (2013), o Design Thinking é consistente com as práticas iniciais de elicitação, inerentes a engenharia de requisitos, prototipagem rápida, relacionamento com o cliente e apresenta-se com um método ágil. Esta metodologia auxilia, no que tange a organização de um projeto de software, tanto a documentação dos requisitos, quanto a gestão de equipe e, como supracitado, seu foco é direcionado para o desenvolvimento ágil. No entanto, esta metodologia tem suas limitações, no que se refere a este contexto de aplicação, visto que no desenvolvimento de software sabe-se que existem documentações técnicas específicas que auxiliam a condução do projeto, desde sua fase inicial até a construção do produto final. Visto isso, existe a necessidade de agregar artefatos e documentos de Engenharia de Software como forma de complemento às fases de condução do Design Thinking.
REFERÊNCIAS INTERESSANTES
BOER, G.; BONINI, L. Design thinking: uma nova abordagem para inovação. Inovação. Biblioteca TerraForum. Seção Inovação. 2010. Disponível em: http://biblioteca.terraforum.com.br/BibliotecaArtigo/artigo-designthinking.pdf
BROWN, T. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias.1. ed. Rio de Janeiro. Elsevier, 2010. 272 p.
DESCONSI, J. Design thinking como um conjunto de procedimentos para a geração da inovação: um estudo de caso do projeta do G3. 2012. 126 f. Dissertação (Mestrado em Design) – Centro Universitário Ritter dos Reis. Porto Alegre.
KUJALA, S. User involvement: a review of the benefits and challenges. Behaviour & Information Technology, v.22, n.1, p. 1-16, 2003. Disponível em http://mcom.cit.ie/staff/Computing/prothwell/hci/papers/UserInvolvement.pdf
VETTERLI, C. et al. From palaces to yurts: why requirements engineering needs design thinking. IEEE Internet Computing, v. 17, n.2, p. 91-94, Mar/Apr. 2013. Disponível em http://dx.doi.org/10.1109/MIC.2013.32 .
VIANNA, M. et al. Design thinking: inovação em negócios.1. ed. Rio de Janeiro. MJV Press, 2012. 162 p. Disponível em http://livrodesignthinking.com.br/